Numa altura em que o povo é sacrificado com medidas de brutal austeridade, o mínimo que se poderia exigir da classe política que carrega os abusos do passado, era algum decoro na forma como se atiram ao pote.
Mas não.
Não conseguem disfarçar a gula e muito menos, atirar-se com mais discrição aos fundos públicos.
E não nos parece que esta burguesia política que se plantou à volta do poder deixe de ser gandula e passe a viver do trabalho como os outros portugueses.
A fome é quase tanta, como a falta de escrúpulos e aquilo a que temos assistido é do pior, que alguma vez já se viu. Atinge níveis verdadeiramente miseráveis e alguns protagonistas destes tristes espetáculos, já enojam.
Tão miserável que quase nos apetece apelar ao governo, que simplesmente lhes atribua uma verba de alguns milhões, exigindo-lhes, em troca disso, que desaparecessem definitivamente.
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Ver um indivíduo com setenta anos, uma imensa fortuna acumulada e pensões milionárias comportar-se como o tem feito Eduardo Catroga, quase nos faz sentir envergonhados enquanto portugueses. De um braço direito de um Presidente da República, um ex-ministro, gestor durante décadas de uma grande empresa e professor universitário seria de esperar algum decoro, coerência nas posições e respeito pela inteligência alheia. É esta, a imagem que temos dos nossos idosos ou dos nossos professores. Vermos um Catroga a atirar-se a mais um extra de cinquenta mil mensais, justificá-los com os impostos que vai pagar e agora, a propósito das “rendas excessivas da EDP”, vir com uma enorme latosa, dizer-nos o contrário do que escreveu no programa eleitoral do PSD e defendeu nas negociações com a Troika sobre as relações entre a EDP e o Estado, só nos pode enojar e dar vontade de vomitar.
O homem que enriqueça, que vá para a cova num caixão cheio de notas de mil euros recheadas dos seus pentelhos, que tome banho na Quinta da Coelha numa piscina de Whisky, mas …. que raios …. que nos deixe em paz, que não goze connosco!
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E como se não nos bastasse, iluminam-nos também, com o espetáculo degradante de um Teixeira dos Santos, a assumir o estatuto de arrependido e a ajeitar-se ao governo de Passos Coelho, para poder beneficiar de umas gorjetas e de algumas senhas de refeição na PT. Enoja, percebermos que o súbito arrependimento e o apoio que nos últimos dias vem fazendo à politica do Passos Gaspar ….. é o preço, a gorjeta para aceder ao pote da PT e a que só não chegou, porque Paulo Portas bateu o pé por outro nome já prometido! Dá-nos vontade de vomitar.
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António Borges é um cidadão português versão 2012.
Uma nova versão de cidadania atribuída a alguns geeks portugueses do tipo XPTO, que têm como característica especial, poderem ser ministros sem que ninguém saiba, ganharem mais do que os colegas e acumularem ainda funções privadas com públicas.
O mais original de tudo isto foi a forma como se procedeu a este upgrade de António Borges. A seleção para merecer tão alto estatuto, pertenceu a Passos Coelho que o nomeou ministro não vinculado e a um conhecido empresário que passou a ser holandês e que o convidou para ser administrador das suas mercearias.
Perante o convite do empresário holandês, o Borges perguntou ao Gaspar, que lhe disse sim senhor, e simultaneamente nos elucidou, que o quase ministro é uma espécie de virgem a toda a prova, um semi-deus da honestidade que pode acumular as mais altas funções públicas com as mais altas funções privadas, sem que tal suscite quaisquer dúvidas.
António Borges é o ministro não vinculado das «privatizações». A Caixa Geral de Depósitos tem que desfazer-se da Sumol-Compal e já iniciou o processo de desfasamento. A Jerónimo Martins (holding do Pingo Doce) está interessada em comprar (a preço de saldo) o negócio dos sumos e refrigerantes da Sumol-Compal.
Dá vómitos. Muitos!
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Muito pior do que a crise financeira que o país enfrenta é a crise de valores em que se está a afundar, com os sacrificados por medidas brutais de austeridade a verem governantes e boys a tudo fazerem para poderem ganhar mais, mais e mais.
Com gente desta, armada em elite de um país e a pregoar a transparência, quase sentimos vergonha de sermos portugueses.
O CASPER diz que isto está a caminhar para o enjoo total e o vómito coletivo do povo …
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