Ainda andávamos nós a fazer ginástica das faces oculares e a esfregar unguentos para ver se conseguíamos disfarçar os olhos em bico com que ficamos com as nomeações para a EDP, quando fomos violentamente marrados por disparos de jactos de água, que nos encharcaram as entranhas mais recônditas da nossa encorpadura.
Não é que nos incomode muito, que o jacto tenha disparado mais um lote de indigitações coloridas e repletas de setinhas laranjas e azuis.
Ninguém pediu a Pedro Passos Coelho quando não era Primeiro-Ministro que jurasse e propagandeasse que “ não quero ser primeiro-ministro para dar empregos ao PSD" ou que "não vamos para o governo para andar a nomear os boys do PSD".
Logo que chegou a Primeiro-Ministro percebemos - e até já assentamos bem, os fígados, estômago, intestinos e todas as víceras internas, escorregadias e viscosas - que o Pedro Passos Coelho faz o que não prometeu, e não cumpre o que jurou fazer.
Certo. Escolhemos. Agora …. temos de nos aguentar à mingua …
Tudo bem. A nós não nos pagam o voto, mas atiram-nos com as consequências.
O problema no caso das nomeações para as Águas de Portugal é que a água colorida, que nos foi ejectada, não é inodora nem transparente.
O Primeiro-Ministro Passos Coelho nomeou a Administração das Águas de Portugal e no lote (que inclui um senhor que vem do Citigroup, outro que andou pelos resíduos no governo de Durão Barroso, um que andou pelas águas de Moçambique, outro que pôs furioso o Rui Rio …) apareceu-nos Manuel Frexes, Presidente da Câmara do Fundão.
Manuel Frexes não é só o Presidente da Câmara do Fundão, um autarca do PSD em fim de mandato (impedido de se recandidatar, por ter já 3 mandatos) e que lidera o grupo dos autarcas do PSD.
Manuel Frexe não é só um dos cúmplices do “assalto ao pote”, a quem Pedro Passos Coelho tem de pagar.
O autarca Manuel Frexes tem, um processo judicial pendente de muitos milhões de euros contra a empresa EPAL, uma das muitas subsidiária das Águas de Portugal que vai administrar e, esta contra ele.
A Câmara do Fundão devia em Junho de 2011 à EPAL/Águas de Portugal a modesta quantia de 8,3 milhões de euros (7,5 milhões mais juros e taxas de recursos hídricos, que continuam a crescer) por não ter pago os consumos que efectuou.
Recorde-se que a divida dos municípios às Águas de Portugal rondam os 450 milhões de euros ….
Nestes milhõezinhos, há por lá alguns “miles” com o carimbo do Francisco Lopes da Câmara de Lamego, encontrando-se cerca de 4 milhões a serem pagos no sistema de factoring … que é como quem diz pagos e repagos face aos juros galopantes!
Por causa destes milhões todos, que algumas autarquias consumiram e cobraram o grosso aos seus munícipes, mas que não queriam pagar - porque sendo a Águas de Portugal uma empresa com 100% de capitais públicos, pretendiam varrer os calotes para debaixo do tapete do bem público - o Manuel Frexe, chefe da banda dos autarcas do PSD liderou um processo colectivo de guerrilha contra os sistemas multimunicipais geridos pela “sua agora empresa”!
Francisco Lopes também andou por estas movimentações e abraços …
É durante esta guerrilha colectiva da banda dos autarcas do PSD liderada por Manuel Frexes, que este “descobre” que a Águas de Portugal lhe contabilizavam até a …. água da chuva !!!!
Não sabemos bem como é que se faz a contagem das pingas da chuva, nem qual é o preço cobrado por cada gotinha … mas pelos vistos o Manuel Frexes desvendou todo o mistério!
Ora … quando as Águas de Portugal intentaram processos judiciais para cobrar os milhões aos caloteiros …. incluindo ao Manuel Frexes, este deu-lhes como troco, uma acção judicial onde reclama um crédito de …. 40 milhões de euros!
Teremos assim que com esta nomeação, o Manuel Frexes para além de poder dar a mãozinha aos colegas da banda …. passou a ser o credor do seu calote, e caloteiro do seu crédito!
Não é lindo …Não são águas inodoras, nem transparentes!
O Manuel Frexes que gere o município do Fundão, permitiu que a sua autarquia tivesse acumulado até Junho/2011, uma divida de 8,3 milhões de euros e apesar de, por este facto, demonstrar ser um incumpridor/mau pagador compulsivo relativamente à EPAL que é subsidiária das Águas de Portugal, tem como prémio ser nomeado gestor desta empresa pública …
Passos Coelho, o "moralizador" e Primeiro-ministro de Portugal ao dar este prémio a Manuel Frexes, não está só a reconhecer o mérito da “desgestão” autárquica …. está a dar-lhe também, os meios e a possibilidade de gerir os processos judiciais em que é devedor e … pelos vistos credor!
E fecha-lhe o ramalhete, aumentando-lhe os seus próprios rendimentos! São só …. 150 mil euros por mês, mais viatura própria, prémios, cartões ….
Convínhamos que esta de o Passos Coelho fazer subir ao pódio das Águas de Portugal o Manuel Freixes …. provoca-nos um tal abrasamento que não haverá jacto de água que a apague, apesar de estarmos todos molhadinhos!
Percebemos a azia do Pacheco Pereira, do Marques Mendes, do Rui Rio …
Esta já nem consegue encaixar nos “boys for the jobs” …
Esta é mais do tipo …. “dandy´s for the jobs” …
Passo Coelho sabe que o povo tem memória curta, mas cá para nós …. parece-nos, que está a abusar e a confiar demasiado …
Desconfiamos que o povo não gosta que se premeiem …. dandy´s !!!
O CASPER sabe que o Francisco Lopes gostou da nomeação do Manuel Freixes. Vai ter uma mãozinha na divida às Águas, também pode receber umas notinhas pelas gotinhas da chuva e se o Passos Coelho não se importa de premiar devedores compulsivos …. pode ser que lhe abra alguma janela!
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