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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MARCHAR .... MARCHAR ....






Todas as segundas-feiras, sem interrupção, depois de almoçar no restaurante Books, o Sr. Ministro da Defesa José Pedro Aguiar Branco entra na porta nº 110 da Rua Falcão, no Porto, apressadinho e direitinho ao escritório da sociedade de advogados José Pedro Aguiar Branco & Associados. Fica ali algumas horas e, ao fim da tarde, um Mercedes com motorista vestido a rigor, vai buscá-lo e ruma para Lisboa.
Quando Aguiar Branco tomou posse como Ministro da Defesa, suspendeu a sua inscrição na Ordem dos Advogados, mas já todos percebemos que com este corrupio incessante das segundas-feiras ….  o Sr. Ministro não deixou por mãos alheias o seu escritório do Norte, um dos mais importantes e lucrativos da cidade.
E o caso não é para menos … No site do José Pedro Aguiar Branco & Associados percebe-se o universo da sua clientela - " do sector bancário, do segurador, da distribuição, da indústria da cortiça, dos têxteis, do calçado e das telecomunicações".
Às segundas-feiras não há Defesa Nacional ….
Às segundas-feiras há a defesa da clientela do escritório do Porto de Aguiar Branco!
Às segundas-feiras o mercedes e motorista não estão ao serviço da Defesa Nacional …
Aguiar Branco tem outro escritório em Lisboa …. assim a modos que … igual !


Aguiar Branco é o Ministro que trata dos militares do ar, da terra e do mar.
O Ministro que como sabemos, tem o tempo muito superlotado, andava irritado porque as Associações das Praças, Sargentos e Oficiais Militares não lhe largavam a escrivaninha com pedidos de audiência desde Agosto de 2011, faziam-lhe esperas à porta do seu Ministério, protestavam na rua …  
Por isso, num destes dias resolveu descambar para o bronco e disse aos combatentes que “ Se não sentem vocação, estão no sítio errado. Se não sentem, antes de protestar precisam de mudar de carreira. Sem drama, sem ressentimento. Deixem o que é militar aos militares, o que é das associações às associações, o que é da política à política.”
Os militares perceberam o recado.
O seu Ministro estava a dizer-lhes do alto da tribuna da parada militar, que estavam proibidos de fazer chichi fora do penico e que se não conseguiam acertar com as suas escorrências no penico, não tinham vocação bélica e por isso …. toca a dar cordinha às botas e marchar para outras paradas!
Mau. Muito mau. Estas coisas não se dizem aos militares …
Aguiar Branco para se afirmar numa posição de autoridade governativa, ofendeu e atingiu todos os militares no mais íntimo dos seus sentimentos – a sua vocação para o fim supremo de defesa da pátria.   
Ora se as coisas, lá para os lados das tropas bélicas, já andavam muito pelejantes, com esta bordoada, o rancho ferveu e entornou-se!  
Os Oficiais bélicos escreveram uma airosa carta aberta ao seu Ministro da Defesa e disseram-lhe (e a nós que também lemos) que: "Procuramos fazer parte do grupo daqueles para quem o silêncio, a passividade e o conformismo não são modos de estar na vida" e …. "Nada obriga os oficiais das Forças Armadas a serem submissos, acomodados, ignorantes e apolíticos".

Ora toma!
Aguiar Branco ficou cego e telefonou ao Passos Coelho para o esclarecer que aquela coisa de poderem andar na vidinha deles, porque os portugueses são piegas, poderia não ser bem assim …    
Como o Ministro da Defesa não gostou da carta aberta (até porque todos também a lemos …) e só ficou cego de raiva e não mudo, do alto do navio escola Sagres, berrou outra bronquice que broncou ainda mais as hostes militares, classificando a carta como “instrumentalização politica” e dizendo que “não se deve confundir os militares com as associações que os representam “ e que “ a carta mostra que há vocação para política e não vocação para a dinâmica militar"
PUM!
Aguiar Branco bronca-se outra vez, pondo em causa a intocável vocação militar.
  
O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), já veio dizer que "o que está em causa é o resultado das políticas e das posturas que têm vindo a ser sucessivamente assumidas pelo ministro da Defesa Nacional".
A Associação Nacional de Sargentos tem protesto marcado para 16 de Fevereiro …
E o Bispo das Forças Armadas D. Januário Torgal Ferreira veio rapidinho à TSF dizer coisas como:
 Começo a sentir a dor que antecede as quedas de regime”.
“Não me admira que, de escombro em escombro, este Governo pudesse ter as horas contadas. Neste momento, em que ainda não fez um ano no poder, isso seria uma tristeza …“
“Lamento que os pobres só entrem na agenda política em época de eleições, o Orçamento do Estado bem como os orçamentos das autarquias deviam colocar os pobres em primeiro lugar”
“A questão social é vista no país como uma solidariedade ultrajante, com alguns a olharem de cima para baixo, sempre com receio que os mais pobres subam demais”
“Esta situação, pode levar à desordem social, até porque quem semeia ventos colhe tempestades, quem semeia injustiças não terá paz”.
“ Não sou piegas, mas sinto-me desassossegado com o panorama de miséria, de pobreza e de instabilidade, perante a política rigorosa do corte e da insensibilidade”

E pronto. O rancho ferveu, estorricou, entornou, o ar já está empestado com um cheiro a queimado irrespirável e já faltou mais para que as tropas em vez de usarem máscaras respiradoras, procurem uma atmosfera respirável, mandando o governo dar voltinhas para outras paradas ….
Será que ao Aguiar Branco também já lhe cheira a esturro, e por isso, continua tão activo nos seus lautos escritórios de advocacia para o sector bancário, segurador, distribuição, indústria da cortiça, dos têxteis, do calçado e das telecomunicações ?!?!?!?  
Ou estará só a cumprir à risca o despacho governativo do empobrecimento ???


O CASPER  está convencido que temos um governo de convencidolas ocos e broncos, que encasquetaram que a autoridade governativa lhes permite insultar e dizer ao povo o que lhes dá na real gana.    

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