Há uns dias atrás fomos
obsequiados com uma cerimónia cerimoniosa que nos anunciou um hospital privado em
Lamego (Hospital do Douro S.A), espraiado nos edifícios onde funcionou o antigo
hospital, que são propriedade da Santa Casa da Misericórdia.
Pasmados com este anúncio
publicitário, os cérebros Lamecenses que têm capacidade para refletir sobre a
realidade do concelho e as suas necessidades, congeminaram coisas, assim do
tipo ….
Para que raio precisamos nós
de um hospital privado, se acabamos de ter um hospital público, novinho em
folha, charmoso e bem equipado ?
Ou, assim tipo ….
Porque raio é que em vez de
um hospital privado, o destino das instalações do antigo hospital, não é uma
Unidade de Cuidados Continuados ou Paliativos (comparticipadas pelo estado/serviço
nacional de saúde), para que os nossos débeis doentes não tenham que terminar
os seus dias de vida nas Unidades da Régua, Resende, Tarouca ou muito mais além
?
E ainda, assim do tipo ….
Se o povo está esganado com
a esganação que o Passos, o Portas e o Gaspar lhe arremessou e tem de contar os
tostões para ver se arranja uns trocos para pagar taxas moderadoras no hospital
público, quem é o pessoal que na zona vai ter eurões para tratar da saúde no
hospital privado ?
As congeminações bateram também
em ondulações da espécie …. negócio … interpostos … intervenientes ….
mediadores …
Pela Santa Casa da
Misericórdia ficamos a saber que a mesa administrativa amanhou uma comissão
constituída pelo dono da Câmara de Lamego que dá pelo nome de Eng. Francisco
Lopes, o Dr. Marques Luís (ex-diretor do antigo hospital e ex-diretor da USF de
Lamego) e o Eng. José Pereira (Vice-Provedor) para agenciarem um destino bem
agenciado para o edifício.
Parece que ainda houve quem
tentasse acender nos neurónios da Santa Casa uma luzinha para que enveredassem
pela nossa carenciada Unidade de Cuidados Continuados ou Paliativos, mas o
apagão foi imediato.
Para afastar este destino, o
Vice Provedor atirou com a justificativa de uma conjunta nacional desfavorável,
esquecendo-se que as Misericórdias supostamente existem para socorrer os mais
débeis e necessitados, e se em tempos de crise não o fazem …. Que raios.
Deslarguem-se que não estão no sitio certo.
A crise, crise … é mesmo
outra !
Todas as Unidades de
Cuidados Continuados ou Paliativos a funcionar em quase todos os concelhos de
Portugal e afetas às Santas Casas da Misericórdia, decorreram de candidaturas a
fundos comunitários e contaram com a ajuda financeira das respectivas
autarquias, que suportaram a parte não comparticipada para que os seus
territórios pudessem contar com estes serviços de apoio e tratamento a doentes
que necessitam de cuidados médicos especiais e permanentes.
Lamego padece de um problema
exterminante….
Uma Câmara estalada,
quebrada, rota, arruinada, falida….
Um presidente de Câmara
muito mais dado, absorvido, propenso, cadenciado para os multiusos flácidos,
Lamegos Convidas escaqueiradas, Lamego Renovas arrombadas, Eixos Barrocos
herniados …
Com uma Câmara
descomparticipativa e apenas preocupada com megalomanias supérfluas e gestações
inúteis, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego sovina no seu pecúlio, escolheu
agenciar-se numa sociedade anónima que inseminará um desnecessário hospital
privado em Lamego.
O Hospital Douro S.A terá um
capital social de 5 milhões de euros. A Santa Casa participará neste capital
com 5% que lhe advirão das rendas pelo aluguer dos edifícios e que não serão
inferiores a 250.000,00€.
Que o mesmo é dizermos, não
recebe a renda do aluguer das instalações, porque o dinheirinho será integrado no
capital social da sociedade anónima …
Do restante capital (95%),
querem os senhores que 36% se destine a pequenos accionistas locais e 59%
ficarão nas mãos de uns investidores espanhóis que mandaram para tirar
fotografias na cerimónia cerimoniosa em Lamego um tal de Ramón Santa Maria
!
A Caixa de Crédito Agrícola
Mutuo de Lamego é o banco eleito para os financiamentos transacionáveis.
Gostamos particularmente que
ouvir o Vice Provedor (Eng. José Pereira) a descair-se …. “ como
é natural, os investidores tentam esconder o jogo, cabendo-nos a nós fazer a
melhor defesa possível dos interesses da Santa Casa “ ….
Ou, o Presidente do Conselho
Fiscal (Dr. João Rebelo) a dizer …. “ se
perguntarmos se é o negócio que todos queríamos, não é, mas, neste momento, é o
possível. Bom ou mau, o futuro o dirá …”
Também ficamos entusiasmados
por saber que os Irmãos e as Irmãs compareceram em peso (como já não se via em
6 anos do mandato do Sr. Provedor, também líder na Assembleia Municipal dos
eleitos pelo PSD, e do Presidente da Assembleia, simultaneamente, Municipal e
da Santa Casa …. para se inteirarem do negócio espanhol !
Igualmente, ficamos
extasiados, quando nos inteiramos que aos Irmãos e às Irmãs bastaram apenas 1
hora e 15 minutos para se informarem e aprovarem o negócio e um hospital
privado em Lamego.
Tudo decidido e decididinho
sem precisarem sequer de perguntar pelas credenciais dos investidores espanhóis
ou de terem uma conversinha de pé de orelha com o tal de Ramón Santa Maria ….
Francisco Lopes nos
holofotes mediáticos, abrilhantou o seu empenhamento nesta solução
incandescente e lamuriou-se lamurientamente contra a lei que não lhe permite
que a sua Câmara seja sócia anónima do hospital privado !!!!!
O CASPER diz
que lhe cheira, que a ideia da plantação de um hospital privado em Lamego
quando temos um público, deve ter sido da autoria de Francisco Lopes e que o seu
plano de viabilidade económica deve ter sido feito pelo emirato financeiro
Paulo Correia
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